Imperialismo na Africa
Durante séculos, a África representou para os europeus apenas uma fonte
inesgotável de escravos e, em menor escala, ouro e marfim. No século
XVIII, em toda a África Subsariana, os únicos verdadeiros
estabelecimentos coloniais eram o de Portugal, em Moçambique, e o dos
camponeses na Colônia do Cabo.
Tudo mudou na segunda metade do século XIX. As potências européias, em
plena Revolução Industrial, passavam a enxergar a África como potencial
mercado consumidor e fonte de matérias-primas minerais e vegetais. No
plano político, a expansão imperial aparecia como sinal de influência,
poder e prestígio.
O pensamento Imperialista, nutrido pelas teorias racistas, assegurava
que o "homem branco" não podia fugir à missão de civilizar as "raças
inferiores".
Jules Harmand, um dos entusiastas franceses do imperialismo, dizia em 1910:
" É necessário, pois, aceitar como princípio e ponto de partida o fato
de que existe uma hierarquia de raças e civilizações, e que
nós pertencemos à raça e civilização superior [...]. A legitimação
básica da conquista de povos nativos é a convicção de nossa
superioridade, não simplesmente nossa superioridade mecânica, econômica e
militar, mas nossa superioridade moral". (citado em Cultura e
imperialismo, p. 48).
As linhas gerais da divisão colonial da África entre as potências
européias foram definidas na Conferência de Berlim (1884-1885). A
conferência internacional, convocada por Bismarck, concentrou suas
discussões no problemas da navegação e do comércio nos rios Congo e
Níger e nas formas de apropriação colonial de territórios africanos.
Participaram da reunião representantes de 15 países europeus, além dos
Estados Unidos.
A Conferência de Berlin não dividiu o continente em colônias, mas fixou
princípios para evitar conflítos entre as potências européias que se
lançavam à partilha da África. Na década seguinte, as potências
apressaram-se em estabelecer bases coloniais e traçar fronteiras, a fim
de garantir a soberania sobre os territórios que começavam a ocupar.
A Grã-Bretanha e a França tornaram-se as potências coloniais dominantes.
Os britânicos estabeleceram a sua soberania por uma faixa praticamente
contínua, desde o Egito até a União Sul-africana, ao longo da África
oriental. Os franceses concentraram as suas colônias no Magreb e na
África ocidental e equatorial. Alemanha, Portugal, Espanha e Itália
ocuparam territórios marginais. No centro do continente, destacava-se ao
Congo, que no início do século XX deixou de ser colônia privada,
passando à soberania da Bélgica.
As potências européias produziram, na prática, a cartografia política da
África, traçando fronteiras sobre espaços étnicos e culturais dos quais
pouco conheciam. Em alguns casos, as linhas de fronteiras se apoiaram
em acidentes naturais, como os cursos dos rios e lagos ou os divisores
de águas. Em outros, utilizam-se linhas geométricas, traçadas como
projeções da desembocadura litorânea dos rios ou com base em meridianos e
paralelos.
Durante o periodo colonial, as metrópoles produziram divisões
administrativas no interior dos seu territórios. Tais divisões tinham,
quase sempre, funções práticas ligadas à distribuição das forçar
militares coloniais ou ao controle das cidades e dos encláves de
mineração.
Desse modo, os europeus inventaram territórios que não tinham raizes nas
experiências históricas africanas. Os estados africanos independêntes,
que surgiram no pós-guerra, herdaram as linhas de limites traçadas pelas
potências européias.
Contribuição Professora de Geografia no CEMAP