Mulheres Negras - do umbigo para o mundo
http://www.mulheresnegras.org
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Diversidade Cultural e Fracasso Escolar
AzoildaLoretto da Trindade
azoildaloretto@ig.com.br
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"Aos povos de ontem e hoje, que alguns tentam confinar às
senzalas".
O embate, conflito,
encontro, diálogo que emerge do contato entre diferentes grupos sociais,
étnicos, de gênero, deficientes... no contexto escolar tem suscitado, não é de
hoje, reflexões e estudos. No entanto, todas essas iniciativas são certamente marcadas
pela visão de mundo e lugar social de quem as formula e, também, influenciadas
pelo momento histórico vivido.
Neste processo, os
grupos que não atendem as expectativas valorizadas pela Escola tendem a ser culpabilizados
pela não correspondência aos ideais escolares e assim geram
explicações/justifificativas, "discursos competentes", a respeito
dessa incompatibilidade: privação ou déficit cultural, psicológico, social,
carência alimentar, carências generalizadas; questões de classe, etc.... Hoje,
convivem com essas explicações, as questões relacionadas à Diversidade
Cultural, que tanto assumem características mais progressistas como
conservadoras, ou mescladas.
A Cultura em Foco
As questões culturais
têm suscitado muitos debates, criação de centros de pesquisa e estudo, muito
rebuliço ultimamente. Isso se dá pelo questionamento da hegemonia do Mundo e
Cultural Ocidental, pela insurgência dos movimentos das Diferenças que
reivindicam e lutam por visibilidade, audibilidade, por espaço político, por
seu "lugar ao Sol". Entram em confronto com a visão euronorte
americana do mundo, que privilegia o homem ocidentalizado, que comunga dos
preceitos da "democracia" e liberalismo, que exclui ou hierarquiza
valorativamente grupos diferentes dos seus membros hegemônicos.
Como conseqüência desses
movimentos são criadas novas demandas sociais, políticas, que envolvam o
conhecimento, manipulação, potencialização, massificação e uma série de ações
que focalizam a Diversidade Cultural e a diversidade humana.
Fracasso Escolar
Conforme já foi dito
anteriormente, o modo de conceber o significado do fracasso escolar está
intimamente ligado à concepção de vida e de vida escolar de quem se propõe a
analisá-la/entendê-lo. A nossa concepção segue o caminho que desnaturaliza o
fracasso escolar, vendo-o como uma produção a serviço da exclusão e injustiças
sociais e muito, muito raramente, como responsabilidade, culpa do usuário mais
imediato da escola.
A escola, a despeito de
tantos estudos, pesquisas, críticas, ainda é uma instituição do Mundo
Ocidental, baseada em suas ideias de "individualismo, liberalismo,
constitucionalismo, direitos humanos, igualdade, liberdade, governo pela lei,
democracia, livre mercado, separação de Igreja e Estado" além da
competitividade, do Capitalismo etc. ...Ideias estas que esse mundo tenta
"universalizar" através, por exemplo, da escola.
Se tornarmos alguns
valores do mundo Ocidental, como a meritocracia, a competitividade, o
individualismo, a exclusão, a seletividade podemos inferir que a produtividade
da escola reside justamente na sua improdutividade (como talvez diria Gaudêncio
Frigotto). A produtividade da escola reside em produzir fracasso escolar, já
que o "sucesso" escolar não é para todos.
Se tomarmos, porém,
valores como direitos humanos, igualdade, democracia, diríamos que a escola,
por não tratar ou saber tratar seus usuários com eqüidade, fracassa nos seus
objetivos.
De um jeito ou de outro,
o fracasso escolar não é intrínseco aos seus usuários (discentes), mas diz
respeito às relações sociais tanto de ordem micropolítica quanto macropolítica.
Ou seja, diz respeito a como a comunidade escolar se constitui e se relaciona
entre si, com a sociedade mais ampla e com o Estado. Diz respeito às relações de
poder entre grupos sociais. Se relações de poder, produção sócio-histórica não
são dadas, não é natural, é construção.
Diversidade Cultural e
Educação
Para nós, o que está em
discussão agora não é a escola como produtora de fracasso escolar ou como fracassada
em promover uma educação igualitária para todos sem distinção de raça/cor,
etnia, gênero, orientação sexual, classe social, deficiência, ou qualquer
diferença que seu usuário apresente.
O que está em jogo, para
nós, é a construção de uma educação, de uma pedagogia que contemple a
diversidade humana, com cultura, modos de ser, sentir e agir diferenciados. Uma
educação, uma pedagogia, uma escola visceralmente comprometida com a Vida, com
o prazer, com a felicidade, com o respeito às diferenças, com a transformação,
com a alteridade.
O que está em jogo é uma
educação que rompa com a clássica história do "Patinho Feio" (para
dizer de forma mais leve), com o perverso processo de transformação de cisnes
em patinhos feios. Uma que seja capaz de, não só com a razão, mas com o
coração, com todos os sentidos e todo o corpo, permitir a existência e promover
patos, cisnes, gansos, galos, galinhas,... e que esses se conheçam, se
respeitem, se preservem, dialoguem, se mesclem, se hibridizem, sem, contudo,
deixarem de ser eles mesmos.
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Sugestão: Professora Márcia Oliveira - Pedagoga do CEMAP
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