segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lendo e descobrindo o mundo da diversidade


Programa descentralizado de formação – Itinerante 2010
Professora Laura Lopes de Paiva
Colégio Estadual Branca da Mota Fernandes
Colégio Estadual Marco Antonio Pimenta
NRE Maringá
Lendo e descobrindo o mundo da diversidade

Sinopse - livros

“Menina Bonita do Laço de Fita”
Ana Maria Machado
Uma pessoa pode mudar de cor, se quiser?
Imagine a confusão que seria… Uma personagem que tentou fazer de tudo para ficar de outra cor. Um coelhinho branco quer ter uma filha da cor daquela menina do laço de fita. Mas ele não sabe como a menina herdou aquela cor.

“Pretinha, eu?”
Júlio Emílio Braz
Uma menina negra ganhou uma bolsa de estudos em um colégio particular e tradicional onde nunca havia entrado um aluno negro entre seus alunos. Desencadeou-se uma história de discriminação, preconceito e muitas descobertas. Diante desse "escândalo", a sala da 5a série torna-se o campo de uma batalha covarde. Todos os alunos se unem contra Vânia pelo único fato de ela ser negra e pobre. O diretor e os professores, então, mobilizam-se em uma cruzada contra a discriminação.

“A cor da ternura”
Geni M. Guimarães
Relata a história de Geni desde a sua infância até a idade adulta. Seu crescimento em meio à pobreza e o preconceito racial, sua forma de ver o mundo e se adaptar a ele. Ser pobre e negra trouxe para personagem muitos conflitos interiores, assim, percebe muito cedo o peso da cor e da condição social. Já adulta, continuou enfrentando barreiras impostas pela sua cor. Para vencê-las, traçou uma meta de vida Lutou e continua lutando com armas poderosas que adquiriu durante sua vida: amor, carinho, afeto...

Sinopse - filmes

Ponte para Terabítia
Jess Aarons sente-se um estranho na escola e até mesmo em sua família. Não tem amigos, é perseguido pelos valentões da sala, e vive uma paixão platônica pela professora de artes, em casa, seus pais estão com problemas financeiros e quando dão atenção para os filhos, é para alguma das quatro irmãs do garoto. Desenhista, ele passa seu tempo criando suas ilustrações ou treinando para ser o mais rápido na corrida da escola. Então surge a novata Leslie Burke, que logo em seu primeiro dia ganha de Jess e do resto dos garotos na disputa. Leslie, filha de escritores, também é vista como uma estranha, assim como Jess. Aos poucos, a má impressão da corrida vai passando e cria-se entre eles uma grande amizade. Leslie com seu talento para criar histórias e Jess com suas habilidades nos desenhos criam um mundo mágico chamado Terabítia.

Adivinhe Quem Vem para Jantar
Um casal esclarecido de classe média - vai conhecer o noivo da filha num jantar, quando descobrem que ele é negro - eles ficam chocados e procuram por algo que o desabone, mas encontram uma pessoa com muitas qualidades morais e profissionais.

Racismo É Burrice
Gabriel Pensador
Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Racismo é burrice
Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Racismo é burrice
Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral
Racismo é burrice
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice
Racismo é burrice
E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.

Albertine Disparue
Fernando Sabino
Chamava-se Albertina, mas era a própria Nega Fulô: pretinha, retorcida, encabulada. No primeiro dia me perguntou o que eu queria para o jantar:
— Qualquer coisa — respondi.
Lançou-me um olhar patético e desencorajado. Resolvi dar-lhe algumas instruções: mostrei-lhe as coisas na cozinha, dei-lhe dinheiro para as compras, pedi que tomasse nota de tudo que gastasse.
— Você sabe escrever?
— Sei sim senhor — balbuciou ela.
— Veja se tem um lápis aí na gaveta.
— Não tem não senhor.
— Como não tem? Pus um lápis aí agora mesmo!
Ela abaixou a cabeça, levou um dedo à boca, ficou pensando.
— O que é lapisai? — perguntou finalmente.
Resolvi que já era tarde para esperar que ela fizesse o jantar. Comeria fora naquela noite.
— Amanhã você começa — conclui. — Hoje não precisa fazer nada.
Então ela se trancou no quarto e só apareceu no dia seguinte. No dia seguinte não havia água nem para lavar o rosto.
— O homem lá da porta veio aqui avisar que ia faltar — disse ela, olhando-me interrogativamente.
— Por que você não encheu a banheira, as panelas, tudo isso aí?
— Era para encher?
— Era.
— Uê...
Não houve café, nem almoço e nem jantar. Saí para comer qualquer coisa, depois de lavar-me com água mineral. Antes chamei Albertina, ela veio lá de sua toca espreguiçando:
— Eu tava dormindo... — e deu uma risadinha.
— Escute uma coisa, preste bem atenção — preveni: — Eles abrem a água às sete da manhã, às sete e meia tornam a fechar. Você fica atenta e aproveita para encher a banheira, enche tudo, para não acontecer o que aconteceu hoje.
Ela me olhou espantada:
— O que aconteceu hoje?
Era mesmo de encher. Quando cheguei já passava de meia-noite, ouvi barulho na área.
— É você, Albertina?
— É sim senhor...
— Por que você não vai dormir?
— Vou encher a banheira...
— A esta hora?!
— Quantas horas?
— Uma da manhã.
— Só? — espantou-se ela. – Está custando a passar...
*
— O senhor quer que eu arrume seu quarto?
— Quero.
— Tá.
Quarto arrumado, Albertina se detém no meio da sala, vira o rosto para o outro lado, toda encabulada, quando fala comigo:
— Posso varrer a sala?
— Pode.
— Tá.
Antes que ela vá buscar a vassoura, chamo-a:
— Albertina!
Ela espera, assim de costas, o dedo correndo devagar no friso da porta.
— Não seria melhor você primeiro fazer café?
— Tá.
Depois era o telefone:
— Telefonou um moço aí dizendo que é para o senhor ir num lugar aí buscar não sei o quê.
— Como é o nome?
— Um nome esquisito...
— Quando telefonarem você pede o nome.
— Tá.
— Albertina!
— Senhor?
— Hoje vai haver almoço?
— Se for possível.
— Tá.
Fazia o almoço. No primeiro dia lhe sugeri que fizesse pastéis, só para experimentar. Durante três dias só comi pastéis.
— Se o senhor quiser que eu pare eu paro.
— Faz outra coisa.
— Tá.
Fez empadas. Depois fez um bolo. Depois fez um pudim. Depois fez um despacho na cozinha.
— Que bobagem é essa aí, Albertina?
— Não é nada não senhor — disse ela.
— Tá — disse eu.
E ela levou para seu quarto umas coisas, papel queimado, uma vela, sei lá o quê. O telefone tocava.
— Atende aí, Albertina.
— É para o senhor.
— Pergunte o nome.
— Ó.
— O quê?
— Disse que chama Ó.
Era o Otto. Aproveitei-me e lhe perguntei se não queria me convidar para jantar em sua casa.
*
Finalmente o dia da bebedeira. Me apareceu bêbada feito um gambá; agarrando-me pelo braço:
— Doutor, doutor... A moça aí da vizinha disse que eu tou beba, mas é mentira, eu não bebi nada... O senhor não acredita nela não, tá cum ciúme de nóis!
Olhei para ela, estupefato. Mal se sustinha sobre as pernas e começou a chorar.
— Vá para o seu quarto — ordenei, esticando o braço dramaticamente. — Amanhã nós conversamos.
Ela nem fez caso. Senti-me ridículo como um general de pijama, com aquela pretinha dependurada no meu braço, a chorar.
— Me larga! — gritei, empurrando-a. Tive logo em seguida de ampará-la para que não caísse: — Amanhã você arruma suas coisas e vai embora.
— Deixa eu ficar... Não bebi nada, juro!
Na cozinha havia duas garrafas de cachaça vazias, três de cerveja. Eu lhe havia ordenado que nunca deixasse faltar três garrafas de cerveja na geladeira. Ela me obedecia à risca: bebia as três, comprava outras três.
Tranquei a porta da cozinha, deixando-a nos seus domínios. Mais tarde soube que invadira os apartamentos vizinhos fazendo cenas. No dia seguinte ajustamos as contas. Ela, já sóbria, mal ousava me olhar.
— Deixa eu ficar — pediu ainda, num sussurro. — Juro que não faço mais.
Tive pena:
— Não é por nada não, é que não vou precisar mais de empregada, vou viajar, passar muito tempo fora.
Ela ergueu os olhos:
— Nenhuma empregada?
— Nenhuma.
— Então tá.
Agarrou sua trouxa, despediu-se e foi-se embora.
Texto extraído do livro "O Homem Nu", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1973, pág. 176.


Referências

BRAZ, Júlio Emílio: Pretinha, eu? São Paulo: Ática, 1996.
GUIMARÃES, Geni M; A cor da ternura Autora: São Paulo: Ática, 1986.
MACHADO, Ana Maria. Menina Bonita do Laço de Fita. São Paulo: Ática, 1986.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná. Curitiba: SEED, 2006.
SABINO, Fernando: O Homem Nu. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1973.
Vídeo disponível em: http://www.slideshare.net/1950/poema-africano

Um comentário:

  1. Oi Laura... quanta sugestão interessante que pode ser pensada e replanejada para trabalharmos com nossos alunos, tem coisa boa para o ensino fundamental e médio... agora é preciso envolvermos os demais professores nesse trabalho!

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