sábado, 30 de novembro de 2013

Racismo presente na educação brasileira

Livro debate o racismo presente na educação brasileira Imprimir
20 de novembro de 2013
  É inegável que a escola desempenha um papel importante na desconstrução do preconceito e da discriminação racial. Contudo esse ainda é um cenário utópico pois, na realidade, muitas das desigualdades sociais e econômicas existentes entre negros e brancos são geradas na própria escola. Dois professores do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Rosângela Rosa Praxedes e Walter Praxedes, ampliam as discussões em torno desse tema no livro Por uma escola livre do preconceito e da discriminação racial, que será lançado em janeiro do ano que vem pelas Edições Loyola.  
Segundo os professores, que são integrantes do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros da UEM, “a educação escolar pode ser considerada uma dimensão fundamental das desigualdades entre brancos e negros no Brasil, pois muitas dessas desigualdades se originam nos obstáculos encontrados pelos estudantes negros ao longo de sua trajetória acadêmica para o acesso à educação de qualidade”. É necessário ter em mente que o racismo sofrido dentro do sistema escolar pelos estudantes negros gera consequências danosas para o processo de formação educacional, capacitação profissional e construção da identidade desses sujeitos. O que contribui para reforçar as estatísticas de evasão escolar, cujos índices, em todos os níveis e graus de ensino, referem-se sobretudo a representantes da população já marginalizada de modo geral, em especial os negros.
Walter Praxedes chama a atenção para a importância da adoção das políticas de ações afirmativas em favor da igualdade racial, como a Lei nº 10.639/2003, que institui a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo, por exemplo. Além da polêmica reserva de vagas ou cotas para estudantes negros no ensino superior.
O livro também apresenta uma discussão sobre os fatores históricos que contribuíram para a difusão de preconceitos racistas e a exclusão dos negros em todo o País. Nesse debate ele aponta, por exemplo, o processo abolicionista e a política imigratória implementada pelo Estado brasileiro com o intuito de promover o ‘branqueamento’ da população. Ações que tiveram “o apoio de um minoritário, porém influente movimento político e intelectual favorável à eugenia, ora condenando, ora valorizando os processos de miscigenação, sob a alegação da inexistência de preconceitos raciais em um país que pretensamente se construiu como uma ‘democracia racial’, na qual estavam ausentes as relações de animosidade e de violência entre brancos e negros”.
Aspectos teóricos, sociológicos e antropológicos sobre a formação dos preconceitos também permeiam os debates segundo os autores, lembrando que esse olhar se dá a partir de uma crítica à filosofia e às ciências, que em vez de contribuir para a igualdade e a emancipação humanas formulam, difundem ou legitimam um conjunto de representações negativas, preconceituosas e grosseiras sobre os seres humanos através de obras filosóficas, científicas e literárias eurocêntricas pretensamente “universais”.
“Para entendermos os equívocos racistas da educação escolar na atualidade foi necessário, ainda, colocar em nosso percurso uma discussão sobre as especificidades das formas de classificação racial comumente utilizadas no Brasil e que deram origem ao chamado ‘racismo à brasileira’, criticado graças ao trabalho teórica e politicamente consistente de pesquisadores das relações raciais no Brasil”, salienta o autor. Ao apresentar esse cenário o livro deve dar uma contribuição ao que os autores chamam de prática de uma pedagogia antirracista. “Para não sermos cúmplices ou negligentes diante do racismo, temos discutir sobre as concepções e práticas nascidas no passado e que continuam colocando obstáculos para a formação de uma educação emancipadora, livre dos efeitos dos preconceitos e da discriminação”, sintetizam. 

Sugestão: Professora Eliane  Boaventura

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